50 anos do Golpe Militar. Em data histórica Rádio Pajeú debate o tema

Há exatos 50 anos atrás, no dia 31 de março de 1964 o Brasil começava a vivenciar um dos períodos mais escuros de sua historia. O Golpe Militar.

O golpe militar deu inicio ao regime militar no Brasil, que perdurou durante 21 anos, tendo fim no dia 15 de março de 1985 com a posse do civil José Sarney, que assumiu a presidência do país após a morte de Tancredo Neves.

O golpe militar estabeleceu no Brasil uma ditadura militar que ao longo dos anos foi endurecendo o governo e tornando legalizadas práticas de censura  e tortura, por exemplo. Os militares combateram sem piedade qualquer ameaça comunista ou manifestantes contra o governo, marcando a história do Brasil por um período negro de atos autoritários ao extremo.

A decisão de se dar um golpe político por parte dos militares não foi algo repentino, aconteceu como consequência de uma série de fatos políticos acumulados no período republicano após Getúlio Vargas. Entenda o Golpe.

Nesta data histórica, a Rádio Pajeú não podia se furtar de falar sobre o assunto, mesmo porque teve importante envolvimento durante o golpe, com ações de enfrentamento através do Bispo Dom Francisco Austregésilo.

O projeto das Escolas Radiofônicas, iniciado entre os anos de 1961 e 1962, estendeu-se até meados de 1964. Foi quando a Rádio Pajeú e Dom Francisco enfrentaram um dos maiores desafios da história: a intolerância do Regime Militar. Para os militares, a manifestação do pensamento e o incentivo à formação de uma consciência crítica no país eram, a partir de então, atitudes subversivas. Assim o projeto de formação através do rádio proposto pelo MEB foi de pronto “enquadrado” na mira dos militares. Segundo depoimento de Dom Francisco, com o projeto sendo classificado como ameaça ao regime e o próprio bispo, taxado de comunista, os militares ordenaram a polícia que invadisse as casas, apreendesse o material que dava suporte às aulas, como quadros-negros, as cartilhas e os rádios. Os dias que se seguiram à apreensão foram de muito temor, pois houve ameaças às famílias que tinham os rádios cativos em casa. Ao tomar conhecimento da apreensão dos equipamentos e pressão dos militares, Dom Francisco interferiu junto aos militares, chegando a falar pessoalmente com 14 generais do Comando Militar do Nordeste, responsável pela ordem de apreensão. Foi de um desses encontros que saiu a célebre declaração de Dom Francisco que questionou o fato de os militares não terem ordenado tirar a Rádio Pajeú do ar, ao invés de apreender os equipamentos do projeto:           “Vocês fazem como alguém que, ao invés de desligar o chuveiro, vai fechando com palitos buraco a buraco”. O regime nunca teve coragem de fechar a Rádio Pajeú ou calar Dom Francisco. Porém, depois da ação dos repressores, com medo, muitos dos pais e integrantes do projeto não9 quiseram mais participar, o que levou a desorganização e consequente fim das Escolas Radiofônicas.

[Trecho extraído do livro: No Coração do Povo – A história da Rádio Pajeú, a pioneira do Sertão pernambucano]

Hoje (31), nos estúdios da Pajeú os professores, César Acioly, Rogério Oliveira e Roberto Gomes e o diretor da UEPE (União dos Estudantes de Pernambuco), Clove Silva, por telefone participaram também o comentarista político Saulo Gomes e o prefeito de Afogados da Ingazeira José Patriota, que do que se tem noticia foi um dos presos na região do Pajeú durante o regime.

Os professores deram uma importante contribuição com seus relatos e histórias baseadas em pesquisas sobre o assunto.

O professor Saulo Gomes em relato fala da importância de João Goulard (Jango) e quais os nomes da região ajudaram a combater ou compartilhar das ideias do regime.

O atual prefeito de Afogados da Ingazeira e Presidente da Amupe, José Patriota relembrou o episódio de sua prisão no final da década de 70, quando em uma visita do então governador Marco Maciel a Afogados, foram feitas pichações cobrando políticas públicas para a população, principalmente rural. Patriota já era ligado aos Sindicatos Rurais na região. O ato provocou uma prisão dele e de mais dois companheiros por 24 horas. O país era governado por Figueiredo. “Chamavam aqui de uma cidade vermelha, pela ligação com entidades como Sindicato e um Bispo como Dom Francisco”, disse.

Houve várias referências à figura de Dom Francisco, pelo combate à ditadura na região. Diógenes Arruda Câmara, Celeste Vidal, dentre outros nomes, também foram lembrados.

Ouça abaixo o Debate na íntegra:

Serviço:

O Departamento de História da Faculdade de Formação de Professores de Afogados da Ingazeira – Fafopai, inaugura nesta segunda-feira, dia 31 de março, o Núcleo de Estudos e Pesquisa Históricos do Sertão do Pajeú – NEPEHSP. O órgão também é atrelado a Autarquia Educacional de Afogados da Ingazeira – AEDAI.

Na ocasião haverá palestra de inauguração “50 anos do Golpe: Vivência, Militância e Memória do Pajeú”, ministrada pelo professor Genildo Santana. O evento acontece a partir das 19h e é aberto a universitários e população.

 

2 thoughts on “50 anos do Golpe Militar. Em data histórica Rádio Pajeú debate o tema

  • 31 de março de 2014 em 20:25
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    Depois da ditadura morta aparece todo tipo de combatente, até quem nem tem idade para tanto, são os revolucionários de fraldas e chupeta.

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