Ciro Gomes reclama de ‘punhaladas pelas costas’

Por Edla Lula / Jornal do Brasil

O candidato à Presidência da República pelo PDT, Ciro Gomes, queixou-se ontem das “punhaladas pelas costas” que os políticos tradicionais insistem em cometer. No anúncio da chapa que tem como candidata a vice-presidente a senadora Kátia Abreu (TO), Ciro fez alusão, sem citar diretamente o PT, ao fato de o ex-presidente Lula ter articulado, da cadeia, a manobra que isolou o seu partido na corrida presidencial.

“As estruturas tradicionais da política brasileira não aprenderam nada. É impressionante como a gente assiste soluções de gabinete que acintosamente desrespeitam a mínima regra de que palavra dada é para ser cumprida”, disse o candidato. “As estruturas simplesmente estão querendo jogar o jogo de dentro dos gabinetes”, completou, para em seguida corrigir, “não quero ser mórbido, mas de dentro de salas, cubículos” – em referência à sala da Polícia Federal, em Curitiba, de onde Lula comanda as negociações em torno de sua candidatura. “E dali (da sala) jogando cartas, excluindo da opção da população candidaturas como a de Marília Arraes (PT-Pernambuco) e a de Márcio Lacerda (PSB-MG). Assim, dois anos depois que as pessoas, estimuladas pelos seus partidos, foram se preparando para fazer as suas campanhas”.

Ao falar sobre o programa de governo do PDT, que pretende impulsionar a indústria local para tornar o país menos dependente dos produtos importados, o presidenciável voltou a se queixar das “estruturas políticas brasileiras tradicionais” que, segundo ele, não querem discutir o tema. “É só fuxico. É só tratativa de gabinete. É só conchavo. É só rastreira.  É só punhalada pelas costas”.

Admitindo a mágoa de Ciro, um pedetista que atua em sua campanha, disse ao JORNAL DO BRASIL que, embora ele estivesse, no discurso, referindo-se ao ex-presidente Lula, a “decepção” atinge também os partidos do chamado Centrão, com os quais o candidato tentou uma “aliança programática” no período da pré-campanha, mas acabaram fechando com o candidato tucano Geraldo Alckmin “por fisiologismo”.

“Na verdade, Ciro foi golpeado pelas costas duplamente. Primeiro, Alckmin articulou o seu isolamento. O acordo com o Centrão não visava apenas a ampliação do tempo de TV e não tinha nenhum conteúdo programático. “O objetivo era, principalmente, impedir o crescimento da candidatura de Ciro Gomes”, observa a fonte. “O segundo golpe foi este, já bastante conhecido e comentado, que fez com que o PSB optasse pela neutralidade nas eleições majoritárias e o PC do B abrisse mão da candidatura”, completa.

Ao explicar a escolha da candidata a vice-presidente, Ciro recordou que Kátia Abreu já o apoiava em 2002, quando tentou o cargo pela segunda vez. Desde então, percebeu que ela seria capaz de construir com ele o seu programa de governo, porque ela saberia pensar “tanto a agricultura família quanto o agronegócio”. Ele também elogiou as qualidades morais e a reputação da senadora que, por fidelidade a Dilma Rousseff, de cujo governo foi ministra da Agricultura, enfrentou o seu antigo partido, o MDB, contra o impeachment da ex-presidente.

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