Em entrevista Lula endurece o tom contra a justiça e a TV Globo

Por André Luis

Na manhã desta terça-feira (6) o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, participou de entrevista por telefone com o comunicador Geraldo Freire, da Rádio Jornal. O ex-presidente endureceu o tom contra a justiça, especialmente contra o juiz Sergio Moro e a Rede Globo, que segundo ele mentem: “uma mentira construída pela elite brasileira está sendo usada contra mim. Um juiz que transforma mentiras para dar a TV Globo”, disse Lula.

Lula disse estar abismado com o que está acontecendo com ele e disse que acreditava que ao ir à segunda estância os “erros” do processo seriam esclarecidos: “estou até agora sem acreditar que os juízes da segunda instância só se preocuparam em defender a mentira da primeira instância”, disse.

O ex-presidente falou que não vai se curvar e que vai continuar lutando para provar a sua inocência. “Quando a gente é inocente, a gente não se curva. Quando a gente é inocente a gente fica indignado” e continuou: “eu estou indignado e vou continuar brigando nas instâncias superiores. Se eles tiverem uma prova, eles podem me desmoralizar. Se eu disser que aceito essa decisão, minha neta quando fizer 10 anos vai me chamar de covarde”, desabafou.

Lula questionou a honra dos juízes ao dizer: “eu não sei se onde eles (juízes) nasceram tem honra, mas em Pernambuco, onde nasci, existe honra”.

Comentando sobre a sua frase ao final do segundo mandato em que disse que: “se eu tiver juízo, eu saio da política”, quando afirmou que não disputaria eleições para um terceiro mandato, Lula disse que sempre teve receio de não fazer um segundo mandato melhor que o primeiro, “mas consegui e tenho consciência de que em um terceiro mandato conserto esse país”, afirmou.

Lula criticou as reformas do presidente Temer e a postura de parte da elite do país, que segundo ele precisam parar “com essa cretinice de achar que o povo tem que trabalhar quase como um escravo”.

Alegando inocência, o ex-presidente desabafou: “Eu só quero que eles provem o crime que eu cometi, só quero que eles parem de mentir. Acabei de ser condenado por um apartamento que não é meu. Qualquer brasileiro sabe, ele só é dono de alguma coisa que ele compra e paga”.

Sobre o fato de ter assinado a Lei da Ficha Limpa, que pode tirá-lo do páreo em 2018, Lula disse: “se eu tiver cometido um crime não posso escapar da Ficha Limpa. Mas eu quero que eles mostrem ao Brasil qual crime que eu cometi”.

Sobre a sua candidatura à presidência nas eleições deste ano, Lula disse que acha que vai ser candidato, pois acredita que a verdade vai prevalecer.

Questionado sobre se havendo a possibilidade de prisão Lula fugiria, o ex-presidente disse estar muito tranquilo e destacou que mora no mesmo lugar há vinte anos e que não pretende mudar e destacou: “fuga não existe no meu vocabulário. Porque eu sou um sobrevivente do Nordeste”.

Lula volta a afirmar que tudo não passam de mentiras implantadas contra ele e disse que “as pessoas que mentiram contra mim precisam ser tiradas do serviço público”.

Lula criticou o auxílio-moradia recebido por juízes, especialmente Sergio Moro e afirmou que: “o crime que eu cometi foi fazer o pobre comer. Fazer quem jamais pensou em fazer o segundo grau e está na faculdade”.

O ex-presidente comentou ainda sobre o índice de rejeição que segundo ele é colocado nas pesquisas para “enganar não sei quem”. Sempre comecei com rejeição alta e terminei com ela baixa”, afirmou.

Questionado sobre o fato de que lideranças políticas de partidos como o PSDB, terem despencado em intenções de voto após escândalos e ele (Lula) não, o ex-presidente disse que o fato de ter uma relação forte com o povo brasileiro é o que lhe mantém de pé e disse: “eu não posso trair esse povo extraordinário que um dia teve a confiança de votar em um metalúrgico quase analfabeto e não nos doutores que governavam pra eles” e continuou: “achavam que depois de todo esse processo judiciário eu estaria destruído nas pesquisas. Não é o Lula que está vivo, é o povo que está vivo”, afirmou.

Questionado sobre se estaria com raiva de ex-aliados que agora lhe acusam nas delações premiadas como o ex-ministro Antônio Palocci, Lula disse não sentir raiva e sim pena.

Falando sobre a possibilidade de eleger novamente presidente do Brasil, o que faria com na Rede Globo, Lula disse que não faria nada contra a emissora em especial, mas que gostaria de realizar um  processo para democratizar a comunicação. “Eu não quero igual a Cuba, China. Eu quero uma imprensa igual ao Reino Unido”, afirmou.

Falando sobre alianças políticas e se o PT lançaria candidatura própria ao governo de Pernambuco, o ex-presidente disse achar melhor deixar pra conversar a partir de abril:
“o PT pode conversar com o PSB, com Armando. E podemos ter candidatura própria ao Governo de Pernambuco. A coisa mais impossível era imaginar Jarbas e Eduardo Campos juntos. E eles se juntaram. Eu tinha uma relação muito boa com Eduardo Campos. Uma nova eleição está chegando e temos que ter maturidade. Vamos disputar eleição sem alianças?”, disse.

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