Estudantes da Ufes são destaque em competição com robô improvisado

Mala com metade das peças do robô foi desviada em voo para o Peru.
Pela categoria Livre, equipe levou 2º lugar em competição latino-americana.

A Equipe de Robótica da Universidade Federal do Espírito Santo (Erus) se classificou em segundo lugar na final da Competição Latino-americana de Robótica (Larc), pela categoria Livre, que aconteceu na cidade de Arequipa, no Peru, na última sexta-feira (25), com o robô ErusBot (ou La Fênix). Mas essa classificação acabou tendo gostinho de primeiro lugar para os estudantes. Após terem uma das malas extraviada durante a viagem internacional – com parte do robô dentro – os jovens conseguiram remontá-lo com peças compradas em feiras na cidade. Mesmo ficando em segundo lugar, a equipe contou que ganhou até mais destaque que os grandes vencedores por causa de tudo que passaram.

Um dos integrantes do grupo, o estudante de Engenharia da Computação da Ufes, André Pacheco, contou ao G1 que a equipe distribuiu as peças do robô em três malas pessoais, mas quando chegaram ao Peru, no dia 21 de outubro, uma das malas não foi encontrada.

“Tínhamos 50% das peças dentro daquela bagagem. Tentamos ver o que podia ser feito com a companhia aérea, mas fomos muito mal atendidos. Falaram que dariam um jeito de encontrar nossa mala em 24 horas, mas não cumpriram. A bagagem onde estavam essas peças era de um colega nosso, que ficou sem as roupas dele durante a viagem”, lembrou.

Pacheco contou que a equipe concordou em tentar remontar o robô com peças encontradas pela cidade. O desafio era reconstruir algo que foi pensado e montado durante cerca de sete meses em apenas um dia e meio. Eles foram a várias feiras populares e informais, inclusive em um comércio em uma favela da cidade.

“No final das contas, descobrimos que Arequipa é a melhor cidade onde poderíamos ter reconstruído nosso robô. A nossa sorte foi que toda a ‘inteligência’ dele estava em uma das malas que chegaram. Achamos na cidade praticamente tudo o que precisávamos, com muitas ‘gambiarras’, mas deu certo”, disse.

O estudante disse que o grupo também teve ajuda de outras equipes que participavam da competição. “A equipe de uma universidade do Peru emprestou baterias para a gente. As do nosso robô eram importadas e era impossível conseguir a tempo. As baterias deles eram até melhores do que as nossas. Outra equipe da Universidade de Brasília nos emprestou as rodas deles para a final, que eram melhores que as nossas. Foi muito bom receber essa ajuda de pessoas que eram nossas concorrentes, exemplo de solidariedade”, falou.

competição
A Larc propõe desafios que os robôs sejam programados para fazer algo em prol da humanidade. A categoria que o La Fênix estava inscrito era a Livre e ele precisava recolher todo o lixo de uma área com areia e colocá-lo na lixeira. O local simulava uma praia e a atividade prevê funções que robôs podem exercer no futuro nesse e outros locais públicos.

A competição contou com 17 equipes inscritas, se sete países diferentes. Para a final foram três grupos do México e o capixaba. Pacheco acredita que se o incidente não tivesse ocorrido, o desempenho do robô poderia ter conquistado o 1º lugar.

“Para nos classificarmos foi muito sofrido. No ano passado ficamos em quinto lugar, mas esse ano que o robô estava direitinho, fazendo tudo como o previsto, acabou acontecendo isso. Mas ficamos felizes com o resultado. Apesar de não termos ficado em primeiro lugar, nossa saga já estava tão famosa na Larc que todo mundo só queria parabenizar a gente”, lembrou.

Justiça
A mala perdida da equipe acabou sendo encontrada pela companhia aérea, mas apenas no último dia da viagem. Pacheco contou que estava aberta e quebrada, e que a empresa não deu explicações para o estado da bagagem. Por conta de todas as dificuldades, a equipe pretende entrar na Justiça.

“Toda a nossa viagem custou em torno de R$ 15 mil para a Universidade. Com a perda do robô poderíamos ter desanimado e esse dinheiro teria ido para o lixo. Não foi o que aconteceu, mas queremos recorrer à Justiça para rever o que aconteceu, uma situação que não pode ser admitida. Para remontar o robô gastamos mais ou menos um R$ 400 no Peru, fora toda a situação que passamos”, falou.

Do G1

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