Mulher de publicitário envolvido na morte de zelador em SP é solta

Juiz revogou prisão temporária da advogada Ieda Cristina Martins.
Em vídeo, suspeito pela morte de Jezi Lopes de Souza inocentou a mulher.

A advogada Ieda Cristina Martins, de 42 anos, mulher do publicitário Eduardo Tadeu Pinto Martins, de 47 anos, suspeito pela morte do zelador Jezi Lopes de Souza, deixou o 89° DP (Morumbi), em São Paulo, na noite de terça-feira (3), beneficiada pela revogação de sua prisão temporária. A decisão foi expedida pelo juiz Rodrigo Tellini, da 2ª Vara do Júri do Fórum de Santana, na Zona Norte da capital. A informação foi confirmada pelo advogado do casal, Marcelo Primo.

Eduardo continua preso no 77° DP, em Santa Cecília, na região central da cidade.

Em vídeo obtido pela TV Globo, o publicitário inocenta a mulher pela morte do zelador. Feita logo após a prisão do suspeito na casa onde o corpo estava, em Praia Grande, no litoral de São Paulo, a gravação mostra Eduardo Martins calmo.

Ele disse que Jezi Lopes e ele lutaram depois de uma discussão e que a morte foi acidental (veja vídeo acima). “Ele bateu a quina no batente da porta mesmo, bateu e já caiu nós dois (sic) para dentro do apartamento. Quando ele caiu, eu fechei a porta. Aí fui lá, olhei os sinais vitais dele, se já estava morto.”

O publicitário acrescentou que se desesperou. “Peguei, saí na porta, olhei, olhei. Me desesperei. Fui, peguei a mala. Enrolei ele num um cobertor, coloquei dentro da mala. Fiquei sem saber o que fazer. Coloquei inteiro dentro da mala. Não sabia o que fazer.”

Inocentou a mulher
Eduardo Martins disse que fez tudo isso sem que sua mulher, a advogada Ieda Cristina, soubesse. “Ela ia chegar, a gente ia fazer o trabalho de escola do meu menino. No domingo, nós saímos e eu falei para ela: ‘ó, preciso resolver um problemas’. E aí eu vim para cá [Praia Grande].”

Questionado se tinha levado o corpo em companhia de sua mulher, ele negou. “Voltei sozinho. Depois voltei [para São Paulo], encontrei com ela, nós saímos, fomos jantar. No sábado teve o pessoal da polícia vistoriando lá o apartamento.”

Sobre o que havia afirmado aos agentes no momento da vistoria, o publicitário disse que mentiu. “Falei que não tinha acontecido nada. Que eu tinha minhas brigas com ele, mas que não tinha acontecido nada.”

O publicitário foi preso em flagrante na segunda-feira (2), quando tentava queimar partes do corpo do zelador, segundo a polícia. Levado para o 13º DP de São Paulo, ele voltou a negar que a mulher dele tenha participação no crime.

O casal teve a prisão temporária decretada. A Secretaria da Segurança Pública (SSP/SP) informou que as autoridades ainda não haviam indiciado Ieda. A polícia ainda apura inicialmente se ela teve participação na ocultação de cadáver.

Segundo o advogado Marcelo Primo, a divulgação do vídeo pode ter ajudado na decisão da Justiça de revogar a prisão temporária.

Câmeras de segurança
O zelador desapareceu no prédio onde trabalhava, na Zona Norte, na sexta-feira (30). A última imagem registrada pelas câmeras de segurança mostram Jezi Lopes saindo com cartas na mão. Outras imagens mostraram Eduardo Martins saindo com malas.

Segundo a polícia e familiares da vítima, ambos brigavam por questões como a entrega de jornais e a divisão de vagas de garagem.

A polícia vai pedir ainda a quebra dos sigilos bancário (para saber de Ieda comprou a mala usada para deixar o corpo com cartão de crédito) e telefônico e o registro das antenas de telefonia celular (para saber onde o aparelho do casal foi usado).

Em depoimento, o suspeito disse que a vítima morreu acidentalmente, ao cair e bater a cabeça no batente de uma porta durante briga. Ele confirmou, porém, que esquartejou e tentou se livrar do corpo. Apesar de sua alegação, Martins será indiciado pelo crime de homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, meio cruel e impossibilidade de defesa da vítima).

Arma
A polícia também investiga se uma arma encontrada na casa de Praia Grande foi usada no crime.

A arma tinha manchas de sangue e a polícia apura se a vítima levou uma coronhada.

A defesa do suspeito afirma que seu cliente admite que a arma é dele, mas nega tê-la usado para atacar o zelador.

Segundo o advogado Marcelo Primo, seu cliente sujou as mãos com o sangue de Souza após o acidente e, em seguida, pegou na arma. Este, de acordo com o defensor, é o motivo de a coronha apresentar manchas de sangue.

O publicitário acrescentou que sua mulher não sabia da existência da arma.

“Eduardo me contou que já havia discutido antes com o zelador. E eles só brigaram porque o funcionário ameaçou matar o filho dele. Depois quando ele caiu e morreu, meu cliente se desesperou e não soube mais o que fazer”, disse o advogado, sobre o fato de o publicitário ter esquartejado o corpo.

O advogado de Ieda, Roberto Guastelli, afirmou ao Bom Dia São Paulo que ela não sabia que o corpo de Jezi estava em uma mala e em uma sacola retiradas do apartamento pelo publicitário e levadas para o carro. O casal saiu com o veículo depois.

Ela disse ter acreditado que se tratavam de roupas que seriam doadas a uma igreja.

O delegado Egídio Cobo, responsável pela investigação, disse que o publicitário suspeito de cometer o crime é “maquiavélico”. Segundo ele, vítima e suspeito brigavam por banalidades como a entrega do jornal e vagas na garagem. “Coisas banais, coisas de condomínio. Nem todos os condôminos aceitam a maneira de administrar”, afirmou o delegado, que é titular do 13º DP, na Casa Verde.

Delegado da Quarta Seccional de São Paulo, Ismael Rodrigues esteve no local do crime e foi um dos primeiros a conversar com o suspeito. A investigação aponta que, após o zelador morrer, Eduardo Martins colocou o corpo dele em uma mala e fugiu para Praia Grande, no litoral paulista. “No domingo, passou a cortar a vítima com um serrote”, afirmou Rodrigues.

Ao chegar à casa em Praia Grande, policiais encontraram pedaços do corpo espalhados em sacos plásticos. Outros ele tentou queimar e alguns, enterrar. “Ao redor da churrasqueira tinha alguma coisa queimando, baldes, serrote”, afirmou o delegado Egídio Cobo. “Ele é habilidoso, maquiavélico.”

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