PF prende empresários e leva Picciani a depor em nova fase da Lava Jato no RJ

Deputado estadual Jorge Picciani é um dos alvos da operação

Integrantes da Fetransporte-RJ também estão entre os detidos

Do Poder 360

A Polícia Federal cumpre na manhã desta 3ª feira (14.nov.2017) mandados de prisão, busca e apreensão e condução coercitiva no Rio de Janeiro, na operação Cadeia Velha, um novo desdobramento da Lava Jato. A ação tem como alvo deputados e empresários do ramo de transporte carioca.

Foram detidos em prisão preventiva (sem prazo para liberação) Jacob Barata Filho, empresário do setor, e Lélis Teixeira, ex-presidente da Fetranspor (Federação das Empresas de Transporte de Passageiros do Rio de Janeiro). Também há mandado de prisão, mas temporária, contra Felipe Picciani, filho do presidente da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro), Jorge Picciani (PMDB). Há ordem de temporária contra outras 3 pessoas.

Jorge Picciani, intimado a depor pela Polícia Federal, foi recebido por agentes no aeroporto Santos Dumont por volta das 8h, quando retornava ao Rio, e levado à sede da PF. Ele é suspeito de receber propina de empresários do setor de transporte. O filho dele é investigado por lavagem de dinheiro –os dois são sócios em uma empresa de artigos agropecuários, junto com o  deputado federal e ministro do Esporte (e também filho de Jorge), Leonardo Picciani, e o outro filho de Jorge, Rafael Picciani.

O ex-presidente da Alerj e também deputado Paulo Mello (PMDB) foi procurado logo cedo, mas o apartamento dele, em Copacabana, estava vazio. Agentes também cumprem mandados de busca e apreensão na sede da Alerj, no gabinete do deputado Jorge Picciani.

O líder do governo na Alerj, deputado Edson Albertassi (PMDB), também foi intimado a depor, com mandado de prisão coercitiva. Ontem, a Justiça do Rio concedeu uma liminar que suspende a indicação dele para conselheiro do TCE. Albertassi foi indicado ao cargo pelo governador do Rio, Luiz Henrique Pezão (PMDB). Ele substituiria Jonas Lopes, que revelou, no início do ano, um esquema de propina que colocou na cadeia 5 conselheiros do Tribunal carioca.

Caixinha para propina

Segundo a PF, o esquema entre empresários, autoridades e políticos teria movimentado mais de R$ 200 milhões. Os empresários fariam uma espécie de “caixinha” para pagar a políticos da Alerj por decisões favoráveis ao setor. Esse valor seria retirado do próprio dinheiro das passagens arrecadado com o serviço de transporte público no Rio de Janeiro. A organização estaria ativa desde 1990.

A operação Cadeia Velha

O nome da ação da PF faz referência ao prédio histórico da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, que foi um presídio antes de ser a sede do Legislativo carioca. Tiradentes chegou a ficar detido nesta cadeia no século 18, o que deu origem ao nome atual do local, Palácio Tiradentes.

Ao todo, a PF cumpre 35 mandados de busca e apreensão, 6 de prisão preventiva, 4 de prisão temporária e 4 de condução coercitiva. São investigados os crimes de corrupção, organização criminosa e lavagem de dinheiro. Foram encontradas conexões entre as Operações Saqueador, Calicute, Eficiência, Quinto do Ouro e Ponto Final já deflagradas pela PF anteriormente. Aproximadamente 155 policiais federais cumprem os mandados no Rio de Janeiro, em Saquarema, em Volta Redonda e em Uberaba (MG), onde fica uma das empresas agropecuárias da família Picciani.

Os mandados foram expedidos pelo TRF2 (Tribunal Regional Federal da 2ª Região) em função da investigação de deputados, que têm foro privilegiado.

Jacob Barata Filho

Equipes da PF entraram às 6h02 no condomínio onde vive Jacob Barata Filho, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio. Duas viaturas foram usadas na operação. Essa é a 2ª prisão de Barata Filho neste ano. Em 2 de julho, ele foi detido no Aeroporto Interncional Tom Jobim (Galeão) com uma passagem só de ida para Portugal e um valor em dólares e euros maior do que o permitido por lei para quem sai do país. Barata Filho ficou detido por 1 mês e meio.

Ele é um dos principais empresários do ramo de transporte coletivo do Rio e acusado de envolvimento em um esquema que entregou mais de R$ 260 milhões em propina a políticos e autoridades. Ele cumpria prisão domiciliar depois de ter sido liberado do presídio de Benfica por um habeas corpus concedido pelo ministro do STF Gilmar Mendes.

A defesa de Jacob Barata Filho disse que não teve acesso à ordem de prisão cumprida nesta 3ª feira e que não vai comentar o caso.

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