Risco de desabamento de torre de basílica faz rua do Recife ser fechada

Para técnico que fez obra emergencial, ferro não está aguentando o peso.

Defesa Civil diz que avaliação superficial descarta risco de desabamento.

Pedaços de reboco estão caindo de duas torres da Basílica de Nossa Senhora da Penha, erguida em 1872 na área central do Recife, em pleno foco do comércio no Bairro de São José. Além disso, chapas de metal se soltaram do cume da edificação. Neste domingo (15), um trecho da Rua das Calçadas foi interditado pelo Corpo de Bombeiros para veículos e pedestres e técnicos de diversos órgãos foram convocados para avaliar os riscos de desabamento da igreja, que data de 1872 e é uma das mais tradicionais da capital pernambucana.

Durante a tarde, o local foi vistoriado por técnicos da Secretaria Executiva de Defesa Civil (Sedec) do Recife, do Corpo de Bombeiros e da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe). Apesar do transtorno, o comércio está funcionando em torno da Praça Dom Vital e próximo ao Mercado de São José.

O problema nas torres sineiras começou na última quinta (12) segundo o frei capuchinho Luís de França, responsável pela igreja. São duas torres, cada uma com três sinos. Frei França disse que, somando os sinos e a estrutura das torres, o peso total de cada uma é de 60 toneladas. Segundo ele, os primeiros problemas com a torre foram detectados em outubro de 2010 e, no mesmo mês, a comunidade reuniu R$ 114 mil e contratou uma empresa particular – a Tinôco engenharia – para fazer uma intervenção emergencial de consolidação e sustentação, evitando o desmoronamento.

“Naquele mesmo mês, a Prefeitura foi avisada, mas não fez nada”, afirma. “O que a gente faz hoje é um apelo aos órgãos que nos socorram”, afirmou Frei França.

Expulsando o reboco
A Tinôco explica que fez um escoramento emergencial. O técnico responsável pela obra, Jorge Eduardo Tinôco, esclareceu que as torres são sustentadas por pilastras de ferro envolvidas por tijolos antigos. “Eu acredito que o ferro está se oxidando, perdendo a força de sustentar carga e expulsando o reboco da fachada, ou seja, não está aguentando o peso. O escoramento de madeira com base de concreto foi feito de maneira provisória, como medida emergencial para as torres não caírem.”

A extensão da interdição deverá ser definida pela Defesa Civil após nova avaliação na segunda-feira (16) pela manhã. “Nessa avaliação de hoje, mais superficial, não se vê de imediato risco de desabamento das torres. O que está acontecendo é que materiais de revestimento da fachada estão se soltando e isso pode causar acidentes. Por isso, a rua foi interditada”, afirmou o gerente geral de engenharia da Sedec, Edgar Melo. “A Secretaria convidou o especialista que projetou o escoramento temporário, José Raimundo Oliva, para avaliar se é preciso um novo reforço ou a substituição do escoramento”, disse Edgar Melo.

“O dinheiro que a igreja precisar, tanto a prefeitura quanto o estado vão financiar, em vista da importância do patrimônio, por respeito à igreja e à segurança da população”, garantiu Marcelo Canuto, secretário de Cultura do estado.

Histórico
A Basílica da Penha espera até hoje pela obra definitiva de restauro. Segundo Frei França, o monumento já é tombado pelo estado e está em processo final de tombamento pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). A igreja foi inspirada na igreja de São Jorge maior, que fica em Veneza, na Itália. Em setembro de 2007, a basílica iniciou uma reforma, que só terminou em julho de 2012.

Foram recuperados telhado, cúpulas, abóbadas e instalações elétricas. A obra custou R$ 4,8 milhões e incluiu também intervenções em púlpitos, coro, naves laterais, fachadas, lustres, portas, gradil e em imagens de santos da área externa do imóvel.

A segunda etapa do projeto, que estava prevista em R$ 3,2 milhões, expira em dezembro porque os capuchinhos, que administram a basílica, não conseguiram captar recursos. Seria o restauro da igreja toda, incluindo as torres. O valor deveria ser atualizado. Teria que incluir os capitéis, cornijas, abóbada do altar mor, o próprio altar mor, piso, afrescos, telas e imagens.
Inspirada no período Neoclássico, a basílica é tradicional pela Benção de São Félix, ritual que atrai centenas de católicos todas as sextas-feiras. Desde setembro de 2007 está fechada – as missas estão sendo realizadas em uma área improvisada. A obra de restauro prevê a construção também do museu Dom Vital, em homenagem ao bispo da diocese de Olinda e Recife entre os anos de 1871 e 1878.

Do G1

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