Viviane Vasconcelos admite falha do sistema e diz que possível negligência no caso da mãe que perdeu o bebê será apurada

A denúncia que veio a tona na manhã de ontem na Rádio Pajeú após publicação no Blog do Finfa do caso da Srª Tatiane do Nascimento Gonçalves que esperava o seu terceiro filho e que por uma série de supostas negligências veio a nascer morto, revoltou a sociedade e caiu como uma bomba no colo da Secretaria de Saúde do município.

A Srª Tatiane moradora da comunidade de Nova Brasília, depois de passar por três médicos que a mandaram de volta pra casa alegando “não ser a hora para o parto”, teve apenas no último momento indicação de cirurgia cesariana.

Procedimento cirúrgico esse que não pode ser realizado na unidade do HREC por falta de anestesista. A solução então foi encaminhar a parturiente para Caruaru.

Os absurdos não pararam por aí: a ambulância que faria a transferência demorou horas para sair de Afogados. A mãe esperou das 7h30 da manhã até às cinco da tarde, quando foi finalmente levada a Caruaru.

Resultado final: a criança nasceu morta, tendo como causa mortis anoxia intra-uterina, que é a falta de oxigenação do cérebro.

Hoje (24) por telefone ao programa Manhã Total, a diretora do HREC, Viviane Vasconcelos falou sobre o caso e admitiu problemas pelos quais passam a unidade como dificuldade de ambulância e falta de anestesistas.

Viviane disse ter tido ciência do caso antes da ida à imprensa, pelo médico Roberto Vicente. “A gente já aguardava parar o feriado para apurar os fatos. Reunimos os boletins de emergência, já disponibilizamos os laudos para uma irmã da paciente que nos procurou”.

Segundo os relatos oficiais – diz Viviane – nos dias anteriores ao da transferência para Caruaru os relatos médicos foram de que a mãe – com histórico de partos normais – não estava em trabalho de parto. Ela disse que na data da transferência, de fato precisava de uma cesariana. “Estávamos sem anestesista, só temos duas. Uma está afastada, a Dra. Lúcia Moura por exercer cargo como vice” relatou.

Segundo a Diretora, o maior problema é que a pactuação com a cooperativa de anestesistas do Estado é muito falha, com brechas que reduzem a obrigatoriedade ou disponibilidade em casos como esse. Por conta do feriadão, simplesmente não havia profissionais em Afogados ou mesmo Serra Talhada, o que motivou a transferência para o Hospital Jesus Nazareno, em Caruaru.

“Formalizei ofício junto à Secretaria de Saúde do Estado cobrando mais anestesistas. Quanto à conduta médica no episódio não posso questionar, pois cada médico vai responder. Conversamos com os obstetras e aguardo próxima orientação da Secretaria. Fornecemos à família da mãe as cópias de todos os registros”.

Sobre a ambulância, a Diretora também reconheceu a dificuldade com apenas dois veículos disponíveis. “A paciente chegou à unidade por volta de 10 horas, foi encaminhada para o Jesus Nazareno. As duas ambulâncias já estavam em outra transferência na madrugada. Tentamos outras ambulâncias através do serviço social pelos municípios vizinhos, mas não conseguimos”.

Viviane relatou que segundo o medico que acompanhou a mãe até Caruaru, havia batimentos cardíacos na criança até a entrada na unidade. “Também não poderei responder pela conduta do Jesus Nazareno”. Viviane disse ainda como Diretora ter limitações e não aceitar que isso aconteça. No fim defendeu a unidade. “É uma pena que só esses casos venham à tona. Temos vários partos na unidade, mas não há publicidade disso”, lamentou.

Vice-prefeita diz que atende na unidade: Segundo Viviane,  com base no Estatuto do Servidor, a vice-prefeita Lúcia Moura mesmo tendo disponibilidade, não pode exercer a função pela função pública. Ela deu outro exemplo, o do médico Ailton Nixon, hoje prefeito de Tavares. Mas a vice disse à produção do programa Manhã Total que apesar da legislação, fez vários procedimentos no Emília Câmara para evitar transferências para outras unidades. Lúcia Moura afirmou que no feriadão de fato não estava na região.

Em suma, dá pra dizer que a diretora disse mais do mesmo já reproduzido por inúmeros diretores que já passaram pela unidade: acabam ficando reféns de decisões que devem ser tomadas “de cima pra baixo”, como política de interiorização de especialistas como anestesistas, por exemplo, motivando a ambulancioterapia.

Secretário de Saúde não vem a Debate: Já o Secretário de Saúde de Afogados Arthur Belarmino, que estaria no mesmo programa, cancelou a vinda. Segundo a Assessoria de Comunicação da Prefeitura, em contato na noite de ontem, uma reunião no mesmo horário de caráter inadiável impossibilitou sua vinda. Arthur também responderia a demandas da comunidade, como a cobrança do senhor José Fernandez por transporte mais confortável para pacientes do TFD que fazem hemodiálise em Arcoverde.

Ouça na íntegra a fala da diretora da unidade, Viviane Vasconcelos:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.